Mural



Este espaço é dedicado aos artistas do projeto A Troca. Aqui cada um poderá se expressar livremente: Arte, experiências profissionais, fazer cênico, vida e palavra em movimento. Ação!





Eu tenho medo! Por Henrique Rocha Florís


Meia-noite se aproxima. A linha que separa a certeza da dúvida vai se diluindo. Dilatam em minha mente ideias, desejos e objetivos num ritmo frenético. Quero silenciar! Entretanto há ruídos lá fora: as ovelhas seguem fielmente o pastor.
Eu tenho medo! Expressou-se equivocadamente Regina Duarte, numa propaganda política suja e de péssimo tom, onde quase arruinara sua carreira artística. Agora farei um plágio, se Regina me permitir, quero confessar que, Eu Tenho Medo:
De pessoas que se mostram sempre seguras de si, certas de suas convicções, espertas, exalando astúcia em cada gesto; dos inteligentes e doutores que acumulam títulos e status quo, daqueles que fazem da excelente lábia o meio útil para manipular os “tolos”; de pessoas agradáveis, sorridentes, de bem com a vida, bem resolvidas, que fazem da palavra felicidade uma ode a realização de todos os desejos materiais e por que não adicionar os “imateriais”, de gente satisfeita, acomodada...
Eu tenho medo de viver a espera de: um mundo melhor, de seres humanos mais humanos; Tenho medo de doenças incuráveis, e de paixões impossíveis de se concretizar.
Eu tenho medo de acreditar em deus, e depois me decepcionar. Será que o todo poderoso, de sua imensidão e transcendência estará preocupado com a espécie homo sapiens?
Que tenhamos medo: do escuro, da ausência, da perda, da violência, da solidão... Da morte!
O medo é a nossa única garantia de continuar acreditando que viver, de alguma maneira vale a pena. É preciso ter medo, examiná-lo, reconhecê-lo, dá até voz a ele se for preciso. E no tempo certo permitir que ele silencie, vá embora, da mesma forma que se instaurou em nós, sem grandes explicações plausiveis.


A hora e a vez da homofobia! Por Henrique Rocha Floris


De repente, em pleno século XXI, a humanidade insiste em retroceder: palavras, atitudes, gestos que se consolidam cada vez mais abomináveis, tornaram-se comum no nosso grande circo de horror cotidiano. 

O quarto poder e todas as suas parafernálias modernas: emissoras de TV e rádio, internet, jornais, redes de telefonia... Nunca antes na história deste país contribuíram tanto com esta nova formação de alienação coletiva. 


Parece que a cotação da vida sobe e desce na bolsa de valores humana, e desce bem mais, num ritmo acelerado. Lugar comum hoje em dia é ver, ouvir ou ler notícias de violência contra os homossexuais. Intolerância, preconceito, violência gratuita, bullyng, assassinatos, tudo estampado, bem às claras e com tratamento vip. A maior parte da população bem acomodada no sofá, comendo, sorrindo e pouco se lixando para a nova onda do momento: ser homofóbico. Nossos “representantes públicos” endossam o coro do reacionarismo, e ao invés de contribuir para uma sociedade mais justa e tolerante, favorece e acentua a tal moda da discriminação.


Não sei até que ponto tanta exposição pode favorecer a causa homossexual. E se existe de concreto benefícios provenientes disto. Sei que os números aumentam, e espero que tantos atos violentos e pessoas brutalmente assassinadas não se tornem meros gráficos para pesquisas estatísticas.


Peço mais que um minuto de silêncio e reflexão a todos vocês pelas pessoas que tiveram este ano sua vida interrompida, vítimas de seres tão desumanos e de uma sociedade intolerante e preconceituosa.



As experiências vivenciadas...

O momento é complexo. Ele é ao mesmo tempo efêmero. Se não tivermos a sapiência de digerirmos, ele passa deixando vazio na alma.
A alma ela só delega o pensamento quando se permite o pensar. O pensar às vezes é tão vazio...
Ah, o vazio que habita na mente humana é inerte e só nos incomoda quando nos permitimos.
Basta! Chega! Não compartilho dessa dor que desmorona a minha alma... Mas, se eu precisar dessa dor? Desse emaranhado de pensamentos e palavras que me desconstrói com a necessária função de dar um sentido a minha vida? Somente agora percebo de fato o meu existir.
O pulsar é invisivelmente belo e inexplicável. É ele que me faz sentir vivo. Nunca desisti das minhas conquistas. Ah vocês não sabem o prazer de lidar com os incapazes. O sucesso e a inveja fazem parte do jogo meu bem!
Isso é uma troca tão prazerosa. Enquanto artista já fui tão vítima disso que sinto a extrema necessidade de expressar a minha inquietação.                                            ( Por Alderir Souza)

Família é tudo? Felicidade é tudo? Viver é tudo? O que vem depois de tudo? Parece-me agora que o tudo é muito pouco. Diante da complexidade do nosso ser o tudo pode representar nada. A amizade é tudo? O amor é tudo? Ser humano é tudo? O que vem depois que o tudo acaba, desmorona...  A ausência completa de significado.

Vícios, atropelos, sucessão de erros, quando o tudo é nada, nada mais faz sentido. Passamos a vida toda procurando dar sentido a ela, posses, poses, pessoas importantes, situações importantes, objetos importantes, sentimentos importantes, e mais tarde nem percebemos o quê ou quem era realmente importante para nós.

(Por Henrique Rocha Floris)


De quantas almas? De quantas dores? De quantos vazios são feita as almas? Algumas já mortas dentro de um corpo vazio de tudo. Quantos olhares sujos me apontam, escolhem, delegam. Eles de certo não conseguiram entrever um caminho de sons e silêncios, de cor e escuridão que habitam em mim.  As mais belas canções cochilam dentro da mente e as mais belas cores na luz a ser revelada. Quantos ainda esperam? Quantos nascerão pra esperar? O que se espera dos caminhos a percorrer? E o quanto lamentamos os já percorridos. Quem encontrará por ai? Família, trabalho, amigos, amor? Estará nos aguardando? O que serei eu durante o tempo de esperar e até quando? Quantos edifícios em uma cidade tão nova corrompido por essa degradação, ninguém admirável, tanta gente e tão poucos heróis. E vocês a esperar um trem que. ( Por Fernandes Palmeira)